Banquete Divino

Escrito por: Reinhard Bonnke 
terça-feira, 31 de outubro de 2006 

Introdução

Algumas coisas incomuns neste verso me chamam a atenção. O Senhor nos está pedindo que O convidemos, quando normalmente é Ele quem convida ou pelo menos é isso que esperamos que aconteça. Mas o mais importante é a condição ai existente: “se alguém ouvir”. A passagem da qual este verso é tirado lembra esta condição:  “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. A oferta é para “todos” , ou seja, para você e para mim. O Senhor está esperando que O convidemos a entrar, e a única condição é de que ouçamos quando Ele estiver batendo...e deixemos que Ele entre.  
Neste caso em particular, o Senhor está se dirigindo aos crentes da igreja de Laodicéia (a Turquia dos dias de hoje), e não para os de fora. Ao que tudo indica existem dois tipos de Cristãos: aqueles que se abrem para Jesus e os que não se abrem. Não gostamos de pensar em dois tipos de Cristianismo, mas tem uma real diferenca entre os que O desprezam e aqueles que O recebem. Os que não abrem a porta quando Ele bate são o tipo de Cristãos que Cristo chama de “mornos”. Ele adverte que Ele vai vomitá-los da Sua boca (Apocalipse 3:16).  
Eu comecei a pensar porque o Senhor disse: “Cearei com ele e ele comigo”. Será que comer com o Senhor era o mesmo que o Senhor comendo conosco? Se fosse, porque colocar desta forma? Me parece que há uma troca de papéis. Em primeiro lugar, somos os anfitriões e Ele é o convidado e em segundo Ele é o anfitrião e nós somos os convidados; dois assentos diferentes em duas mesas diferentes. 

O Senhor é o Nosso Convidado
Vamos dar uma olhada no primeiro cenário: Nós O servimos como anfitriões e Ele é nosso convidado. Um exemplo muito literal disto pode ser encontrado em Gênesis 18 onde Abraão convida ao Senhor para uma refeição. O relato começa assim: “Depois apareceu o Senhor a Abraão... Levantando Abraão os olhos, olhou e eis três homens de pé em frente dele. Quando os viu, correu da porta da tenda ao seu encontro, e prostrou-se em terra, e disse: Meu Senhor,...não passes de teu servo”. (vrs. 1-3). 
Se talvez eu devagar por um momento, essa aparência de Deus seria muito estranha: Abraão se dirigiu aos três homens como se eles fossem uma única pessoa. Então, pediu a eles que esperassem enquanto preparava a refeição. Demoraria horas no verdadeiro estilo ocidental, mas aquilo não os preocupava. Abraão matou e cozinhou o bezerro mais gordo e Sara assou alguns pães enquanto seu marido foi trazer leite e coalhada. Levou algum tempo, mas o Senhor é um Deus paciente! 
A refeição foi servida, mas Abraão não comeu com eles. Os três homens eram seus convidados e ele lhes prestou o maior respeito, chamando-os de Senhor. Eles mostraram sua grandeza recompensando-o com a promessa de um filho. 

Preparar Refeição para Estranhos?
Outro homem a preparar comida para um estranho que estava passando foi Manoá, o pai de Sansão (Juizes 13). Um dia, um “impressionante” ser apareceu na sua casa com informação sobre o filho que Manoá e sua esposa teriam. Em um gesto de verdadeira hospitalidade, Manoá matou um cabrito novo para preparar uma refeição adequada e isto se tornou oferta a Deus. Como Abraão e Sara, que desistiram do sonho de ter um filho, o “anjo” prometeu a Manoá e sua esposa um filho, Sansão. 
Os sacrifícios feitos nos altares de Israel eram descritos como “alimento de Deus”: “Sacerdotes serão santos para seu Deus, ...porque oferecem as ofertas queimadas do senhor, que são o pão do seu Deus;...” (Levíticos 21:6). Verdade, Deus não comeu a oferta deles, mas aceitou-as quando eram dignas Dele, como vemos na estória de Manoá e sua esposa. Quando estas ofertas se tornaram mero rito religioso oferecido por homens que quase não tinham decência moral, Deus sentiu náuseas. Ele disse: “Se eu tivesse fome, não to diria pois meu é o mundo e a sua plenitude. Comerei eu carne de touros? ou beberei sangue de bodes? (Salmos 50: 12-13). 

Pensemos Juntos
O Senhor transforma o que é oferecido a Ele em algo para nós. Nos tempos do Velho Testamento as pessoas traziam seus dízimos e ofertas de grãos e rebanho ao templo e então comiam seus dízimos diante do Senhor. Isto tem repercussão em Isaías 1:11-19: “De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios?” diz o Senhor. “Estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação. As vossas luas novas, e as vossas festas fixas, a minha alma as aborrece; tirai de diante dos meus olhos a maldade dos vossos atos; cessai de fazer o mal; Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor:” diz o Senhor. “...ainda que os vossos pecados são como a escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que são vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como a lã. Se quiserdes, e me ouvirdes, comereis o bem desta terra;” 
Jeremias também adverte a Israel e a nós. Em 14:12 ele diz: “Quando jejuarem, não ouvirei o seu clamor, e quando oferecerem holocaustos e oblações, não me agradarei deles; antes eu os consumirei pela espada, e pela fome e pela peste”. A menos que Lhe ofereçamos algo que O satisfaça, vamos continuar vazios e famintos espiritualmente. 

O Que Devemos Trazer a Ele?
Porque há alguns Cristãos infelizes e secos embora estejam sempre orando e pedindo a Deus todo tipo de coisas? A resposta é de que eles querem tudo, mas não querem dar nada. São mesquinhos com relação ao dinheiro, muito precisos e exatos com seu louvor e adoração, com o uso do tempo e tudo mais, mas espansivos com o seu amor. Entretanto, se você quiser receber, então dê! Como com Ele e Ele vai comer com você. 
Somente podemos ceiar com o Santo Deus quando Ele puder se alegrar com o que Lhe oferecemos. Israel teve que observar os regulamentos mais escrupulosos quando ofereciam “a ceia ao seu Deus”, mas seus sacrifícios continuavam sem valor, e o motivo é porque eles não eram escrupulosos com suas vidas e caráter. Jesus disse em Mateus 23:24 que eles espantavam os mosquitos ( nos seus ritos religiososs), mas engoliam camelos – em suas hipócritas vidas!
Deus quer o que Lhe oferecemos, então que devemos trazer a Ele? Se Jesus viesse pessoalmente à sua casa, o que você colocaria na mesa? Felizmente os Evangelhos estão cheios de exemplos de Jesus visitando casas de muitas pessoas, como por exemplo Marta e Maria, Zaqueu, Levi e outros.   
  
Você Está Fazendo “O Que é Melhor?”
Veja Marta, por exemplo. Ela estava ansiosa demais por causa da comida que ela estava preparando, se preocupando para que tudo estivesse certo. Jesus disse que ela estava “inquieta e preocupada com muitas coisas”(Lucas 10:41). Uma mesa oriental jamais satisfaria ao anfitrião até que estivesse completamente coberta com boa comida.  A tarefa era gigantesca e Marta sentiu que ela estava fazendo mais do que sua parte no trabalho, enquanto Maria não fazia nada. É claro que isto era injusto, e Marta, sabendo que Jesus se posicionava pelo que era justo e certo, pediu a Ele que dissesse para Maria ajudar. Para sua surpresa, Jesus não a apoiou, dizendo que Maria estava fazendo “o que era melhor”, que era estar ouvindo a Ele (Lucas 10:42). Ela estava se alimentando do pão da vida. 
Quando Marta pediu a Jesus que dissesse a Maria o que fazer, ela efetivamente O colocou como o cabeça da casa. A mesma coisa aconteceu várias vezes. Quando Jesus foi até a casa da sogra de Pedro, Ele imediatamente resolveu as coisas, curando a senhora enferma. Ela se levantou e lhes serviu de algo para comer e beber (Mateus 8:14-15). Quando Ele foi à uma festa de casamento, Sua mãe ordenou aos servos que fizessem tudo o que Ele dissesse, fazendo-O Senhor da casa para a qual Ele havia sido convidado. Ela não imaginava que Ele pudesse transformar água em vinho, mas na sua própria casa eles sempre procuravam por Jesus e Ele sempre sabia o que fazer. Jesus foi ao casamento em Caná como convidado, mas Ele providenciou o vinho, o item principal da festa, e Ele se tornou o anfitrião, pois o anfitrião sempre provê o vinho (João 2:1-10). 

Convide-O para entrar
Sempre que você faz algo para o Senhor, Ele faz algo por você. Ele come com você e você come com Ele. O Senhor falou após Abraão tê-Lo servido: “Abraão, Eu sou a sua grande recompensa”(Gênesis 15:1). Qualquer coisa que você planeja fazer para o Senhor, Seus planos são te retornar multiplicadamente. Jesus disse em Mateus 19:29 que, se renunciarmos a nossa família ou nossa terra, vamos receber cem vezes mais. Convide-O para comer alguma coisa, e Ele se torna o anfitrião trazendo boas coisas que vão além da escala humana de dar. Ele virá com receitas, comida e delicias, “muito mais do que aquilo que pedimos ou imaginamos” (Efésios 3:21). 
Aqui está o ponto crucial da questão, uma verdade espantosa. O poderoso Deus se inclina para pedir algo de nós. Para a mulher Samaritana Ele disse: “Dá-me água para beber” (João 4:7). Mas Ele não invade o nosso espaço, nossa casa, sem ser convidado, Ele se coloca à porta e bate: “Posso entrar e ceiar com você?” Ele está sempre perto da porta. Para servir ao Senhor, Abraão matou o bezerro mais cevado no rebanho. Abraão tratou seus visitantes celestiais com o melhor que tinha, e não se considerou digno o suficiente para comer com eles. Na parábola do filho pródigo, o pai matou o seu bezerro mais gordo para comemorar o retorno do seu filho (Lucas 15:17-32). O pai tratou este perdulário como um filho, como Abraão tratou a Deus! Imagine isto! Que banquete este filho pródigo teve! Quando um pecador se arrepende e volta para a casa do Pai, este pecador tem a maior recepção possível, digna de um principe. 
Em nenhum lugar lemos que temos que perseguir ao Senhor como se Ele estivesse fugindo de nós. O Senhor é o Bom Pastor procurando por nós. Ele nos persegue, batendo à nossa porta. Praticamente antes mesmo de começarmos, o Senhor, que está pronto a nos dar além daquilo que pensamos, vem de encontro aos nossos esforços.
Deus não procura por adoradores, mas Ele procura por aqueles que já O estão adorando. Esta é a diferença. Ele não angaria adoradores, colocando anúncios sugerindo um papel na vida. Ele procura por aqueles que já O estão adorando, ou que tenha um coração desejoso. Ele os encontra, os ama e os abençoa. 

Produzindo Fruto na Estação
Um dia Jesus estava com fome e chegou a uma figueira que balançava folhas secas, desperdiçando o solo em que estava enraizada. Cristo ordenou que a planta morresse, e na mesma hora ela começou a definhar (Mateus 21:18-19).Cristo estava com fome.A Divindade procurava por fruto.De modo interessante, Jesus falou dos Seus discipulos como ramos da videira (João 15:1-17).Se les são infrutíferos não trazendo frutos para Ele, eles serão cortados fora.Nós lemos sobre o fruto do Espírito.Deus está procurando por aquele tipo de fruto, aquela dieta, se quiser, vegetariana!Como o Salmos 1:3 diz, deveríamos ser como “a árvore que dá o seu fruto na estação própria”. 
O fruto que agrada a Deus é citado em Gálatas 5: 22-23: “amor, alegria, paz, paciência, longanimidade, benignidade, fidelidade, mansidão e domínio próprio”.Os primeiros três – amor, alegria e paz são qualidades que gostamos em nós mesmos. Nossa paciência, longanimidade, benignidade beneficiam famílias e amigos, enquanto que fidelidade, mansidão e domínio próprio abençoam a sociedade. 
Isto é o que Deus quer, como Ele falou tão frequentemente através dos profetas de Israel. Eles se tornaram uma vinha sem frutos.Provérbios 12:12 nos diz que: “a raiz dos justos produz o seu fruto”,mas eles mostraram somente religião.Deus queria integridade.Eles eram como a figueira que Jesus amaldiçoou,somente aparência, disfarce de piedade,e que usavam máscara.Deus queria o genuino,aqueles cujas faces eram deles mesmos,e não um disfarce colocado para cobrir um espírito egoísta. 
Devemos ter no nosso coração que Cristianismo não é “me abençoe,abençoe a minha familia e a minha igreja”.O pedido do filho pródigo foi: “Pai, dá-me...!” (Lucas 15:12). E foi isto que o Pai fez.Então quando o jovem se livrou da vida sem dinheiro e esfarrapada,seu pai lhe deu o melhor que tinha.Quanto temos da natureza do filho pródigo em nós?Somos os “dá-me”, ou temos o grande coração e espírito generoso do pai da parábola? Cristo vem prontamente ceiar conosco, se quisermos, mas o que temos em nossa mesa para Ele?