Banquete Divino

Escrito por: Reinhard Bonnke 
terça-feira, 31 de outubro de 2006 

O Senhor É Nosso Convidado

Agora, vamos olhar um outro cenário em que o Senhor nos serve. Essa é a marca identificadora de Deus. Ele é o Doador. Lucas 12: 35-37 já foi descrito como a maior promessa de Deus na Bíblia. O Senhor servirá seus servos que se assentam em Sua mesa. “Cingido esteja o vosso corpo, e acesas, as vossas candeias. Sejam vós semelhantes a homens que esperam pelo seu senhor, ao voltar ele das festas de casamento; para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram.” Ele há de cingir-se, dar-lhes lugar à mesa e, aproximando-se, os servirá.” Como descrito pelo Senhor em Lucas 17:7-10, isso é a coisa mais rara e jamais vista. “Qual de vós, tendo um servo ocupado na lavoura ou em guardar o gado, lhe dirá quando ele voltar do campo: Vem já e põe-te à mesa?” Ele não preferiria dizer: “Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois, comerás tu e beberás?” É claro que é normal para um servo esperar por seu mestre, no entanto, em Lucas 12, o mestre espera pelo servo. Somente Jesus poderia ser tão gracioso para fazer isso! De fato, essa é a promessa precisa e maravilhosa: Ele faz o que normalmente nunca é feito. O mestre nos assiste, servindo-nos pessoalmente em sua mesa. Que maneira incrível de se tratar servos! Talvez em nosso século XXI não apreciamos quão grande privilégio isso é. Hoje, Jack é tão bom quanto seu mestre, mas, há um século atrás, havia um grande abismo que separava o mestre de seu servo, e até mesmo servos de alto e baixo escalão. Nas grandes casas dos senhores e senhoras, os servos de baixo escalão jamais deveriam ser vistos pela família em seus aposentos. Somente os servos de alto escalão podiam chegar perto dos senhores e senhoras em suas grandes mansões. Uma aristocrata não permitiria que ninguém, exceto o melhor servo, trouxesse a ela qualquer coisa. Uma madame tocaria o sino para que um servo, três ou quatro andares abaixo, subisse as escadas para pegar seu lenço ou livro que caira no chão. Quando Cristo sugeriu que um senhor supremo esperasse na mesa por seus servos, foi o suficiente para chacoalhar qualquer um. Por quê? Isso não era nem correto! Mas isso é o que Cristo prometeu: que seríamos Seus convidados! 

Grandeza Encarnada
Algumas vezes, penso que não valorizamos a atitude amigável e cuidadosa do Senhor para conosco. Entre os religiosos, qual Deus jamais foi retratado como sendo assim? Para nós, é muito comum e nem damos tanta importância a isso ao lermos ou cantarmos o Salmos 23:5. “Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários.” Segundo a Bíblia, isso é normal, mas em nenhum outro lugar do mundo é assim. Imagine só, a cozinheira sentando na mesa preparada pelo Senhor do palácio, que cozinha para ela e até espera por ela. Bom, o que é desconhecido no mundo é normal com Deus. Então, os versículos em Lucas refletem duas situações apresentadas em Apocalipse. Somos os anfitriões e Ele é o convidado e, após, Ele é o anfitrião e nós somos Seus convidados. Essa era a verdade por trás do sacrifício Divino. Isso foi revelado aos discípulos, porém não em um tipo de visão cósmica que enchia o céu de glória. Tudo aconteceu em um quarto muito simples. Nesse quarto, os Judeus, Seus discipulos, mantiveram a tradição nacional da Páscoa. Algo, além de qualquer invenção humana, aconteceu. Uma pessoa que passava pela rua nunca saberia que o que estava acontecendo era um ato de grandeza; um quarto quieto, à noite, aceso por uma pequena chama de uma lâmpada a óleo, mostrava a sombra de 13 homens entre quatro paredes. Lemos que, na noite em que foi traido, o Senhor Jesus pegou o pão e disse: “Este é o meu corpo partido por Ti.” AEntão, após o jantar, ele tomou o cálice e disse: “Este é o cálice da nova aliança no meu sangue” (Lucas 22:19-20, 1 Coríntios 11:23:25). Algo, maior do que os ensinos religiosos, acabara de entrar no mundo. Deus havia vindo a nós, para ceiar conosco e nós com Ele, demonstrado através de uma das atividades humanas mais fundamentais: comer e beber. 

Lembrança de um Ato Poderoso de Deus
Jesus fez outras duas menções acerca de comida e bebida, as quais foram compartilhadas durante a ceia de Páscoa. Primeiramente, Ele disse: “Pois vos digo que nunca mais a comerei (Ceia de Páscoa) até que ela se cumpra no reino de Deus. (Lucas 22:16) Observe a palavra “se cumpra”. Naquele momento, Jesus estava começando a cumprir a Páscoa, como o Cordeiro Imaculado de Deus. A Páscoa, tradicionalmente, olhava para o Êxodo, mas Jesus olhava para frente… para o Reino de Deus. O cordeiro da Páscoa era comido em memória de um ato poderoso de Deus, mas agora, Jesus o substitui fazendo menções acerca de Si mesmo: “Fazei isto em memória de mim”. (Lucas 22:19) O drama histórico de Israel deixando o Egito, era a melhor história que Israel conhecia; no entanto, Jesus Cristo mostra que isso somente pronunciava um evento ainda maior: o Seu próprio ato de libertação. Moisés forjou salvação para doze tribos, mas Cristo comprou salvação para todas as nações da terra. Um grande poder estava por trás do Êxodo: o poder do próprio Deus. Mas todo aquele poder, e muito mais, estava por trás da obra de Deus em Cristo no Calvário. Em comparação, o cordeiro Pascoal e o triunfo de Moisés no Egito foram reduzidos a alegoria – um tipo e prenúncio do triunfo de Cristo sobre o pecado e a morte. Ele não foi o cordeiro escolhido por um homem para sua família, mas sim o Cordeiro de Deus entregue pelas famílias de toda a humanidade. 

O Cumprimento Final
A segunda menção de Jesus foi: “Não mais beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus”. (Lucas 22:18) Precisamos observar que há mais do que uma chegada do Reino. Apesar de Jesus ter nos dito para orar: “Venha a nós o Teu Reino” (Lucas 11:2), Ele disse que o Reino de Deus já havia chegado (Lucas 11:20). Ele venceu a morte, derramando Sua vida no Calvário para depois reavê-la na Ressurreição, assim como disse que o faria. (João 10:18) Esse estupendo ato de Deus trouxe uma nova manifestação do Reino. Quando Jesus disse que Ele não beberia mais do fruto da videira até que viesse o Reino de Deus, Ele estava ansiando pela vinda do Reino quando ressuscitasse dentre os mortos. Assim como todas as verdades do Reino, isso tinha um cumprimento presente e futuro. O cumprimento final será quando Jesus voltar em poder e glória do Seu reino eterno; porém isso tem também um cumprimento no presente. Nosso Senhor Jesus está conosco ao participarmos da Ceia do Senhor. É uma ocasião como a que Ele prometeu em Apocalipse 3:20: “Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.” 

Riquezas Inesgotáveis
A mesa da Comunhão com o pão e vinho não é um mero sacramento, um momento espiritual ou religioso, mas é um símbolo da nossa ceia com Ele. Isto lembra a nossa oração: “O pão nosso de cada dia nos dá-nos hoje” (Mateus 6:11). As riquezas de Cristo, toda a Sua bondade, bênçãos, alegria e realidade, vêm até nós somente Nele. Comer um pedaço de pão e tomar um gole de vinho na Mesa do Senhor leva um breve momento, no qual podemos perceber Sua proximidade, que não é uma experiência passageira, pois ela nos lembra quem Ele é. Nós abrimos a porta para Ele e ceiamos com Ele. Não precisamos bater no portão do céu implorando por pão. Ele vem e bate à nossa porta, trazendo Consigo a comida, e a promessa e privilégio de comer com Ele. 
Voltando ao nosso versículo em Apocalípse, lembramo-nos que isto era para a igreja em Laodicéia. O ardente amor que tinham por Deus havia esfriado, pois se tornou apático e morno. Embora Cristo não suportasse pessoas mornas e ameaçou vomitá-las da Sua boca, o que Ele não recusaria era o amor verdadeiro; o fruto do Espírito. Sua repreensão, disse-lhes, eram sinais do Seu amor (Apocalípse 3:19) e , para ajudá-los a resolver a situação, Ele lhes daria ouro refinado no fogo, vestes brancas, bálsamo para o olho (Apocalípse 3:18) e ainda a oportunidade de sentar à Sua mesa e ceiar com Ele. As riquezas inesgotáveis da Sua graça estão à nossa disposição quando nos abrimos para Ele.