Paixão com Compaixão - I

Escrito por: Reinhard Bonnke 
domingo, 1 de janeiro de 2006 

Introdução

Paixão é humana, volátil, afetada pelas circunstâncias; compaixão é divina. Cristo foi uma revelação viva de interesse imutável, uma luz na escura selva de paixões selvagens. 
O Evangelho é uma declaração da constante abertura do Senhor para com a raça humana. “ Por causa do grande amor de Deus nós não somos consumidos, pois a sua compaixão nunca falha.” (Lamentações 3:22). O amor do Senhor por nós não muda; ele não está sujeito à disposição de animo. 
A firme atitude de Deus é o eixo ao redor do qual balança variadas respostas para pessoas diferentes. “Também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende, por quanto não é homem para que se arrependa.” (I Samuel 15:29). Em I Samuel 15:11 Deus diz que Ele estava “arrependido” por ter constituido a Saul como rei. Ele não tinha mudado de opinião, mas Saul se desviou Dele o que O encheu de profundo arrependimento. Podemos dizer que Ele simplesmente desejou que isto não tivesse acontecido. 
Deus tratou com Saul da mesma forma com que trata com cada um de nós. Em outras palavras, Ele nos toma como nos acha. “Para com o benigno te mostras benigno, e para com o homem perfeito te mostras perfeito. Para com o puro te mostras puro, e para com o perverso te mostras contrário. Porque tu livras o povo aflito, mas os olhos altivos tu os abates... Quanto a Deus, o seu caminho é perfeito;” (Sl. 18:25-30). 

O Sólido Fundamento
O Evangelho se apóia sobre o sólido fundamento da fiel bondade de Deus para com as pessoas inconstantes. Compaixão celestial responde a paixões terrenas. O Senhor foi tentado no Sinai; as tábuas dos Dez Mandamentos que Ele havia acabado de escrever, foram destruídas e lançadas, espalhadas a Seus pés. O povo O ofendeu profundamente, mas Ele usou aquele momento para proclamar quem Ele era: “Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo, grande em misericórdia e fidelidade; que usa de misericórdia em mil gerações; que perdoa a iniqüidade, a transgressão e o pecado;” (Êxodos 34:6-7). 
Um Deus de graça ilimitada foi um conceito revolucionário no mundo antigo carregado de temor aos deuses traiçoeiros e cruéis. Jonas o profeta orou, “pois eu sabia que és Deus clemente e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e que te arrependes do mal.” (Jonas 4:2) Mandado a Nínive, a cidade mais depravada da terra, ele se tornou o primeiro missionário na história e o único profeta em Israel que levou uma cidade ao arrependimento. Sua profunda consciência da verdade fundamental sobre Deus como revelado no Sinai talvez explique porque o Senhor escolheu um caráter tão relutante como o seu enviado à perversa Nineve. 
Mas Jonas não estava sozinho no seu entendimento da natureza de Deus; todos os profetas de Israel manifestaram uma paixão espiritual na tarefa de trazer o povo de volta pra Deus. Esta paixão resultou de um mesmo conhecimento da graciosa presteza de Deus de receber a todos os que vem a Ele. A profecia de Oséias, por exemplo, retrata o clamor do coração de Deus por uma Israel adúltera, enquanto a profecia de Miquéias termina com frases similares as do Sinai - como o explendor do sol em um céu tempestuoso. 
Ele acrescenta: “Tu lançarás todos os nossos pecados nas profundezas do mar” 
(Miquéias 7:19). 

O Tema de Deus
Nas Escrituras, o Evangelho nunca é uma mera doutrina ou pensamento abstrato, mas sempre se molda em nítida misericórdia, culminando predominantemente na morte e ressurreição de Cristo. “quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós.” (Romanos 5:8). 
Uma pessoa atrás da outra, no Velho Testamento, proclamou aos quatro ventos sobre o tema de Deus O Compassivo. No Novo Testamento este tema se torna música de uma vasta orquestra, o tema de cada escritor apostólico. Sem o mesmo ardente compromisso de ganhar as pessoas para Cristo que os animava, é improvável que o Novo Testamento possa ser apreciado adequadamente. Cada linha está impregnada com Evangelismo. Somente um ganhador de almas pode apreciar o clamor de Paulo: “...Porque eu mesmo desejaria ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos,”(Romanos 9:3). 
Só existe uma resposta para este mundo caótico: o Evangelho. A igreja é a ponte entre a obstinação da humanidade e a salvação divina. Um evangelista é um anjo mensageiro para um mundo rebelde e fracassado em si mesmo. O trabalho dele não é empurrar religião pra ninguém, promover a igreja ou pregar para ter uma resposta emocional. O Evangelho não é uma técnica religiosa, mas um baú de tesouro cheio de caminhos para proclamar a Cristo crucificado. Existe uma resposta, mas não necessariamente às perguntas feitas pelo mundo. Aquelas perguntas simplesmente levam à pista errada. O Evangelho nem é também fechado para discussões, o assunto principal de um programa de entrevistas na televisão; ele é um decreto: “Arrependei-vos e sereis salvo.” 
O Evangelho é Boas Novas. É o melhor que há. Mas qualquer noticia somente é noticia quando é publicada ou transmitida. Cada pessoa viva tem que ter uma oportunidade de ouvir o Evangelho, mesmo aceitando-o ou não. Jesus não veio para os justos mas para os injustos, dando exemplo para o evangelista que foi mandado aos que rejeitaram a Cristo e aos incrédulos, como Jonas que foi mandado até à cidade mais perversa na terra. O trabalho dos evangelistas não é conduzir comoventes encontros para membros da igreja. 
Cristãos que estão ardendo em chamas de paixão por sua geração, não desperdiçam suas vidas sentados, esperando para Deus mandar reavivamneto para fazer o trabalho por eles, enquanto se queixam sem parar sobre a situação da igreja. Milhões podem ser salvos enquanto o reavivamento “demora”.