Por uma visão mais ampla da missão

Rev. Gerson Correia de Lacerda
É interessante analisar o texto bíblico que narra o primeiro milagre realizado por Jesus. Está registrado no evangelho de João. Jesus foi a uma festa de casamento em Caná da Galiléia. Durante a celebração, faltou vinho. Jesus resolveu o problema, transformando a água em vinho. Dessa maneira, a festa continuou e não precisou ser encerrada antecipadamente.Após narrar o milagre de Jesus, o evangelho de João registra as seguintes palavras: Com este, deu Jesus princípio a seus sinais em Caná da Galiléia; manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele (Jo 2.11).Fica muito claro que, com o milagre da transformação da água em vinho, Jesus deu início a seu ministério terreno. Providenciando a solução de um problema para que uma festa tivesse continuidade, Jesus começou a cumprir a sua missão. Em outras palavras, Jesus não deu início ao cumprimento de sua missão pregando um sermão ou curando enfermos. Jesus não começou a cumprir sua missão ensinando discípulos ou alimentando uma multidão faminta. Ao contrário, ele começou a desempenhar sua gloriosa missão terrena numa simples festa de casamento, fazendo um milagre para que uma festa não terminasse antes da hora.Isso deve nos fazer pensar a respeito da amplitude da missão de Jesus! Alguém poderia questionar: o gesto de providenciar vinho numa festa de casamento fazia parte da missão de Jesus? Garantir o prosseguimento de uma celebração integrava o rol de suas atribuições?O primeiro milagre de Jesus é revelador. Mostra a enorme amplitude de sua missão. Dela faziam parte a cura de enfermos, a pregação de convite ao arrependimento e o ensino a respeito do Reino de Deus. Porém, todos esses importantes não a esgotavam. A missão de Jesus era muito mais ampla. Incluía até a celebração. Por isso, Jesus começou a cumpri-la providenciando um milagre para que uma festa tivesse continuidade.Em fevereiro, no dia 28, a IPI do Brasil comemora o Dia Nacional de Missões. Foi no dia 28/2/1856 que nasceu o Rev. Caetano Nogueira Júnior, missionário do sertão brasileiro. Em março, durante todo o mês, nossas igrejas estarão em campanha, levantando recursos para a construção do templo de Rio Branco, no Acre.Esta é uma ótima oportunidade para refletirmos a respeito da missão da igreja. Precisamos aprender com Jesus a ter uma visão mais ampla a respeito dela. O fato é que, com freqüência, temos uma compreensão muito limitada sobre o papel que temos de desempenhar em nosso mundo.Nesta edição de O Estandarte, há um pequeno texto, muito singelo, escrito pelo Presb. Eli Teixeira de Lima, tesoureiro do Presbitério Sul de São Paulo, intitulado “Coisas que acontecem”, que é profundamente inspirador. Trata-se do relato de uma experiência corriqueira. Narra o Presb. Eli que, ao entrar num ônibus repleto de conciliares da Assembléia Geral da IPI do Brasil, ele cumprimentou o motorista do veículo. Este ficou muito surpreso e exclamou: “Puxa! É o primeiro que me cumprimenta!”Todos os conciliares de nossa igreja dentro do ônibus estavam ali no cumprimento de sua missão. Entendiam, porém, que sua missão se resumia em participar da reunião da Assembléia Geral. Esqueciam-se de que sua missão incluía também um simples gesto de simpatia dirigido a um cidadão do mundo.Deus abençoe a nossa igreja a fim de que abra seus olhos para ter uma compreensão abrangente da amplitude de sua missão.